domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pensar Assim_Débora Damaceno

Se pensar assim
For o que eu pensei um dia
Tantas palavras ficaram
Por lá mesmo.

E agora nada restou
Porque essa vontade
Que tenho agora faz tudo
Ser completo.

E dias e dias
E sonhos e sonhos
Só me dizem
Há um pronto recomeço.

Nada acaba sendo tudo
Que não se quer
Porque sempre queremos
Seja lá o que for.

Mas digo mais
Felicidade, só um segundinho
Estou me despedindo
Da tristeza agora.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Querer_Pablo Neruda

Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Posso escrever os versos mais tristes essa noite (Poema 20)_Pablo Neruda 1924

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros, ao longe”.

O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis, e às vezes ela também me quis.

Em noites como esta eu a tive entre os meus braços.
A beijei tantas vezes debaixo do céu infinito.

Ela me quis, às vezes eu também a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como na relva o orvalho.

Que importa que meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-la perdido.

Como para aproximá-la meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.

Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.

Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero.
É tão curto o amor, e é tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,
minha alma não se contenta com tê-la perdido.

Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes, os últimos versos que lhe escrevo.

Do que sinto_Débora Damaceno

À espera do que
Não acontece
Meu coração pára
Entre um pulsar
E outro.

Mas rendo-me
Ao que você me pede,
Ao que é preciso.

Se somos feitos assim,
De sentimentos e sensações,
Se isso não pode acabar,
Vou buscar dentro de mim
O que perdi em você.

Pois, que para amar
Não é preciso
Que o coração pulse,
Para sentir não é preciso
Que o coração pare.

Do que sinto, digo,
Deixe-me agora
E para sempre fique aqui.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Tempo_Débora Damaceno

As coisas mudam
E sempre, e tão rápido.
Parados estamos,
Parados ficamos.
Mas, embora você
Procure uma exatidão
Em meio a tudo que
Você mesmo nem busca,
Não ache que o retorno
Salvará você.
Porque ele, assim como
O tempo, vai de encontro
A tudo que você deixou de crer
Por mera distração;
Só pra perder a fria noção
De que, mesmo sem querer,
Tudo está gravado em você;
Numa dimensão que
Sequer foi notada,
Porque você
Andou lento,
Andou cheio,
Andou vazio.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Vida Real_Débora Damaceno

Se tens a certeza
Que tudo existe por acaso,
E se pergunta
A quem pertence o futuro,
Talvez a um coração puro,
Incerto, em passos curtos.
Hoje sei em definitivo
Sou aprendiz de aprendiz.
Quando os olhos não
Brilham para enxergar
E sonham abertos
É hora de acordar
A vida continua girando
E você quer tudo no lugar.
Abandonem-se os ensaios
A vida é real.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Desabafo_Débora Damaceno

Vomito palavras
Não por diversão
Mas por imprecisão
De querer ajustar
Meus sentimentos
Ao que ocorre.

Eu não páro para
Observar o que escrevo
Para não sufocar
O que me rodeia
Assim enxergo com a alma
O que não vejo com os olhos.

Sou alvo páreo
Para a saudade
Nela escondo a
Lembrança de um sorriso
Que falava alto
Tempos atrás.

Não vejo o que se
Imprime na minha alma
Mas ignoro minhas
Certezas por me
Exporem a todas
As dúvidas que ora suporto.

Caminhos_Débora Damaceno 14.01.10

Há um caminho
À minha frente.
Neste caminho
Há flores e pedras,
Há teus olhos,
Há meu coração.
Neste caminho
Há tudo que anseio,
Também há tudo
Que não espero.
Há dias, há noites;
Silêncio, esperança.
Neste caminho há vida.
Há mais uma vez
Meu coração.

É lindo_Débora Damaceno 27.12.09

Há um início
Um encantamento
Por você
Que continua
Que permanece.

Por ser igual
É diferente
Eu espero
Um beijo cálido
Toda sua intenção.

Agora há você
Em mim
Agora sim
Como eu sempre quis
Sem imaginar.

Por tudo
Por isso
É o que sinto
E é lindo
E é lindo.