O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
quinta-feira, 18 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
Resposta_Débora Damaceno
[Poema feito em homenagem a Gean Charles de Menezes, brasileiro morto em Londres em 22 de julho de 2005]
Porque?
Eu espero mas você não vem.
Há um intervalo.
O tempo vem,
O tempo vai,
O tempo volta.
Fica tudo parado.
Há silêncio,
Mas você não vem.
Procuro você,
Procuro entender,
Mas como consegui-lo?
Se há coisas que não
Se explicam,
Se não há você?
Vou passar a vida tentando,
Vou passar a vida esperando,
Sei que nunca vou ter
Resposta para entender
As coisas que acontecem
E acontecem,
Acontecem e só.
Passam, e passam
E não há,
Nem haverá,
Resposta.
Porque?
Eu espero mas você não vem.
Há um intervalo.
O tempo vem,
O tempo vai,
O tempo volta.
Fica tudo parado.
Há silêncio,
Mas você não vem.
Procuro você,
Procuro entender,
Mas como consegui-lo?
Se há coisas que não
Se explicam,
Se não há você?
Vou passar a vida tentando,
Vou passar a vida esperando,
Sei que nunca vou ter
Resposta para entender
As coisas que acontecem
E acontecem,
Acontecem e só.
Passam, e passam
E não há,
Nem haverá,
Resposta.
segunda-feira, 15 de março de 2010
O Teu Segredo_Florbela Espanca
O mundo diz-te alegre porque o riso
Desabrocha em tua boca, docemente
Como uma flor de luz!
Meigo sorriso
Que na tua boca pousa alegremente!
Chama-te o mundo alegre.
Ai, meu amor,
Só eu inda li bem nessa alegria!…
Também parece alegre a triste cor
Do sol, à tarde, ao despedir-se o dia!…
És triste; eu sei.
Toda suavidade
Tão roxa, como é roxa uma saudade
É a tua alma, amor, cheia de mágoa.
Eu sei que és triste, sei.
O meu olhar
Descobriu o segredo, que a cantar
Repousa nos teus olhos rasos d’água!…
Desabrocha em tua boca, docemente
Como uma flor de luz!
Meigo sorriso
Que na tua boca pousa alegremente!
Chama-te o mundo alegre.
Ai, meu amor,
Só eu inda li bem nessa alegria!…
Também parece alegre a triste cor
Do sol, à tarde, ao despedir-se o dia!…
És triste; eu sei.
Toda suavidade
Tão roxa, como é roxa uma saudade
É a tua alma, amor, cheia de mágoa.
Eu sei que és triste, sei.
O meu olhar
Descobriu o segredo, que a cantar
Repousa nos teus olhos rasos d’água!…
sábado, 6 de março de 2010
Ama-me por Amor somente_Madre Tereza de Cálcuta
Ama-me por amor somente.
Não digas: "Amo-a pelo seu olhar,
o seu sorriso, o modo de falar
honesto e brando. Amo-a porque se sente
minh'alma em comunhão constantemente
com a sua".
Porque pode mudar
isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
do tempo, ou para ti unicamente.
Nem me ames pelo pranto que a bondade
de tuas mãos enxuga, pois se em mim
secar, por teu conforto, esta vontade
de chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
me hás de querer por toda a eternidade.
Não digas: "Amo-a pelo seu olhar,
o seu sorriso, o modo de falar
honesto e brando. Amo-a porque se sente
minh'alma em comunhão constantemente
com a sua".
Porque pode mudar
isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
do tempo, ou para ti unicamente.
Nem me ames pelo pranto que a bondade
de tuas mãos enxuga, pois se em mim
secar, por teu conforto, esta vontade
de chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
me hás de querer por toda a eternidade.
Voltei_Débora Damaceno
Voltei...
Não só pela saudade,
Não só pelo vazio,
Não só pelo céu
Que agora olho sozinho.
Voltei...
Porque você me espera,
Porque grande o amor,
Porque teu olhar me traz
Tão bela primavera.
Voltei...
E ainda não pude mais calar,
E ainda não pude mais ficar,
Tão sozinho, tão alheio
Ao que sinto e vejo.
Voltei...
Desde então eu prometo,
Desde então eu desejo,
A incerteza de tê-la
Pela eternidade breve.
Não só pela saudade,
Não só pelo vazio,
Não só pelo céu
Que agora olho sozinho.
Voltei...
Porque você me espera,
Porque grande o amor,
Porque teu olhar me traz
Tão bela primavera.
Voltei...
E ainda não pude mais calar,
E ainda não pude mais ficar,
Tão sozinho, tão alheio
Ao que sinto e vejo.
Voltei...
Desde então eu prometo,
Desde então eu desejo,
A incerteza de tê-la
Pela eternidade breve.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Assim passando_Débora Damaceno
Ao te seguir
Beirei à lúcida noção
De um meio não sonhado,
Mas desejado.
Então a flor se fez.
Brotou em lugar vão.
Triste sina,
Pura solidão.
Passos me dizem,
Escondem, esperam.
Desperta do outono,
Teu coração assim.
Então você se vê
Profundo, distante, presente.
Agora o amor cala,
Sólito olhar.
Beirei à lúcida noção
De um meio não sonhado,
Mas desejado.
Então a flor se fez.
Brotou em lugar vão.
Triste sina,
Pura solidão.
Passos me dizem,
Escondem, esperam.
Desperta do outono,
Teu coração assim.
Então você se vê
Profundo, distante, presente.
Agora o amor cala,
Sólito olhar.
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